Conheça os benefícios do consumo moderado de vinho para a saúde
Integrada à dieta de maneira equilibrada, bebida pode oferecer nutrientes além do prazer sensorial
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O consumo moderado de vinho tem sido objeto de estudos e debates entre especialistas da área da saúde, e as descobertas ressaltam sua associação com benefícios significativos para o bem-estar humano. Recentemente, o assunto pautou o Simpósio Vinho & Saúde, evento realizado pelo Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) que atraiu profissionais do setor vitivinícola, da saúde e da nutrição interessados em aprofundar conhecimentos e se atualizarem a respeito do tema. A íntegra do Simpósio Vinho & Saúde pode ser conferida neste link.
Segundo o cardiologista Protásio da Luz, membro titular da Academia Brasileira de Ciências na área de Ciências da Saúde e pesquisador do Instituto do Coração (InCor-USP), uma dieta adequada se associa à redução de risco de morte em aproximadamente 25%, percentual semelhante ao que o consumo moderado de álcool, incluindo o vinho, também é capaz de proporcionar.
"Os benefícios à saúde estão associados estritamente ao consumo moderado de vinho. O consumo do vinho é similar à administração de um remédio. Se prescrever uma dose excessiva, pode fazer mal", ressalta Protásio, enfatizando a importância da moderação. Ele destaca que o vinho possui antioxidantes que vão além da Vitamina E em importância, reforçando seu potencial na promoção da saúde.
Além disso, conforme o especialista, estudos indicam que o vinho pode contribuir para a dilatação das artérias, favorecendo a circulação sanguínea. Essa capacidade de dilatar os vasos sanguíneos pode ter um papel relevante na saúde cardiovascular, ajudando a manter um fluxo sanguíneo adequado e saudável.
A presença de antioxidantes, como o resveratrol, além de outros compostos polifenólicos, é apontada como um dos elementos primordiais nos benefícios associados ao consumo moderado de vinho. Esses componentes desempenham um papel protetor contra danos oxidativos e inflamações, fatores-chave em diversas condições de saúde, especialmente no contexto das doenças cardiovasculares.
Uma pesquisa conduzida pelo Laboratório de Referência Enológica (Laren), revelou a presença significativa de trans-resveratrol em vinhos sul-americanos, especialmente nos vinhos brasileiros, mostrando-se superiores em teores médios dessa substância em comparação a outros países. Fernanda Spinelli, doutora em Biotecnologia e vice-presidente do grupo de experts de especificações de produtos enológicos da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), destaca que diferentes variedades de vinho - tintos, brancos e espumantes - contêm nutrientes e antioxidantes provenientes das uvas utilizadas na vinificação. Ela ressalta que as propriedades e quantidades desses compostos variam de acordo com o tipo de uva, mencionando a predominância do resveratrol nas uvas tintas e outros compostos fenólicos igualmente importantes para a saúde encontrados nas uvas brancas.
"É crucial ressaltar que, embora o vinho possa trazer benefícios à saúde, sua inclusão na dieta deve ser cuidadosamente considerada. A recomendação é que qualquer pessoa interessada em incorporar o vinho à sua rotina consulte um profissional de saúde. Esta consulta é particularmente importante para aqueles com condições médicas específicas, garantindo orientação personalizada sobre os potenciais benefícios e possíveis riscos do consumo de vinho.
O vinho, quando consumido com moderação, oferece não apenas um prazer sensorial, mas também contribuições valiosas para a saúde humana, proporcionando uma nova perspectiva sobre seu papel na promoção do bem-estar geral.
Consumo moderado remodela flora intestinal e beneficia coração, mostra estudo
De acordo com notícia divulgada pela Agência Fapesp, o consumo moderado de vinho tinto ajuda a remodelar em poucas semanas a microbiota intestinal, cujo papel nas doenças cardiovasculares é cada vez mais reconhecido pela ciência. É o que revelou um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition.
O trabalho, intitulado “Wine Flora Study” e apoiado pela Fapesp, envolveu 42 pacientes com doença arterial coronariana. Assinam o artigo pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp), de Verona (Itália), de Brasília (UnB), de Harvard (Estados Unidos) e do Instituto de Tecnologia Austríaco (Áustria).
Os cientistas usaram no ensaio clínico uma estratégia conhecida como cross over. Cada um dos participantes (homens com idade média de 60 anos) passou por duas intervenções: durante três semanas, consumiam diariamente 250 mililitros de vinho tinto (com 12,75% de concentração alcoólica e produzido com uva merlot pelo Instituto Brasileiro do Vinho especialmente para o estudo) e, pelo mesmo período, abstinham-se de álcool. Ambas as intervenções foram precedidas por um washout de duas semanas (pausa no consumo de determinadas substâncias para que seus traços sejam totalmente eliminados do organismo), sem consumo de bebidas alcoólicas, alimentos fermentados (iogurte, kombucha, lecitina de soja, kefir e chucrute, por exemplo), prebióticos (incluindo insulina), probióticos, fibras e derivados do leite.
Os pesquisadores observaram que a microbiota intestinal sofreu remodelação significativa após o período de consumo da bebida – com predominância dos gêneros Parasutterella, Ruminococcaceae, Bacteroides e Prevotella. Tais microrganismos são fundamentais no funcionamento normal do organismo. Também foram observadas mudanças significativas na metabolômica plasmática, consistentes com a melhoria da homeostase redox. É esse processo que garante o equilíbrio das moléculas oxidantes e antioxidantes, evitando o chamado “estresse oxidativo”, que induz doenças como a aterosclerose.
Com esses resultados, os pesquisadores concluíram que a modulação da microbiota intestinal pode contribuir para os supostos benefícios cardiovasculares do consumo moderado de vinho tinto.
O vinho como alimento
O entendimento do vinho como um alimento ou complemento alimentar ganha destaque nas palavras do cardiologista Jairo Monson de Souza Filho, que defende a inclusão do vinho na dieta para que as pessoas possam usufruir plenamente dos benefícios associados ao seu consumo. Segundo o médico, o vinho, biologicamente, preenche todos os critérios para ser considerado um alimento devido à sua composição única de micro e macronutrientes.
"Por conter álcool, o vinho é também classificado como uma bebida alcoólica, mas isso não lhe retira o direito de ser considerado alimento. É assim que temos que entender o vinho", enfatiza Monson. Essa perspectiva destaca a complexidade nutricional do produto, sugerindo que seu papel vai além do simples prazer gastronômico.
A inclusão do vinho na dieta pode ser vista como uma estratégia para aproveitar seus benefícios à saúde cardiovascular, proporcionando não apenas uma experiência perceptiva, mas também um aporte de nutrientes valiosos. Essa abordagem ressalta a importância de considerar o vinho como parte integrante de uma alimentação equilibrada.
Ao reconhecer o vinho como um alimento, abre-se espaço para uma compreensão mais abrangente de seu potencial na promoção da saúde. Contudo, o apelo à moderação permanece crucial, especialmente ao incorporar o vinho como parte regular da dieta. Entender o vinho como mais do que uma bebida alcoólica destaca seu papel como um elemento nutritivo, proporcionando uma visão ampla que pode transformar a percepção do vinho na busca por uma vida mais saudável.
Sobre o Consevitis-RS
O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) atua no apoio, difusão e financiamento de demandas relacionadas à produção de uvas, vinhos, sucos de uva e demais produtos derivados no âmbito agrícola, produtivo, técnico, promocional, cultural, ambiental, jurídico e institucional. O instituto também está envolvido em programas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, visando ao constante desenvolvimento e aprimoramento do setor vitivinícola.
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